UMBANDA E O SUICÍDIO

UMBANDA E O SUICÍDIO

Falar sobre suicídio suscita algumas questões importantes para nós umbandistas.

Acompanhando um levantamento feito pelo CQM(ComunicaQueMuda), plataforma digital da agência nova/sb que tem como foco propor debates sobre temas considerados polêmicos, vemos que “O tema, assim como a tristeza, começou a aumentar nas postagens dos internautas. Em 2017, o assunto ainda era tabu, mesmo com quase 800 mil vítimas por ano, um suicídio a cada 40 segundos no mundo, e outras 20 tentativas para cada caso”, diz Bia Pereira, diretora da agência e coordenadora do CQM.

Reportagem na Folha de SP diz que “o CQM monitorou as redes brasileiras ao longo de 29 dias em maio de 2020 e contabilizou 103.923 menções ao tema. Dentro deste número, registrou aumento no número de depoimentos e relatos. De 6,3% em 2017, passaram para 23,5% em 2020. “Isso mostra que as pessoas estão mais confortáveis em falar sobre como se sentem”, diz a coordenadora. O número de notícias a respeito do suicídio, por sua vez, subiu de 7,5% para 42%, enquanto a frequência de piadas sobre o assunto diminuiu. Antes contabilizavam 34% das postagens, e agora são apenas 3%.

A pesquisa avaliou também as publicações que disseminam conteúdo positivo, como reflexões acerca da seriedade da depressão ou que incentivam a busca por ajuda. Enquanto em 2017 elas representavam 28,8% do total, em 2020 passaram para 63,5%.

Como vemos esse tema deve ser de muita atenção por parte das religiões e a Umbanda também deve se posicionar sobre o tema, dando toda a atenção em trata-lo de forma aberta, sem preconceitos e procurando acolher e orientar da melhor forma aqueles que sofrem com a depressão, a dor e o sofrimento que acarretam esse estado.

Dentro de nossos preceitos, onde o amor é o principal protagonista não podemos considerar nenhum tipo de julgamento ou estabelecer que haja punição aqueles que chegam ao ponto máximo de desespero, desesperança e cometem o suicídio. E ao fazer a passagem, como fica esse espírito?

Em nossa crença Deus é Amor, é justiça, é libertação, é conhecimento… portanto quando um espírito se encontra nesse nível de sofrimento, ao chegar no plano espiritual ele será acompanhado, tratado, acolhido e não jogado num canto sombrio para que “arda em profundo sofrimento” até o fim dos tempos, ou mesmo esquecido em alguma dimensão trevosa, para ser abusado, molestado e ser indigno de evoluir.

Sabemos que a Umbanda tem influências do Catolicismo e mesmo do Espiritismo onde os suicidas são tratados como párias, sem direito ao paraíso (no caso do catolicismo). E para os espiritas, ao desencarnarem, eles são encaminhados ao vale dos suicidas, onde amargarão as piores provações até estarem aptos a evoluir. Algumas religiões nem enterravam os suicidas em solos sagrados, como os judeus. Como aceitar que as religiões que deveriam ter uma postura de benevolência, acolhimento e perdão assumam tais posturas?

Na Umbanda, acreditamos que dentro de nós habitam as Entidades e Orixás que agem com suas vibrações em nossos caminhos na vida material, onde temos a oportunidade de crescermos, de aprendermos e buscarmos a felicidade de diversas maneiras. Nem sempre acertamos, mas a busca pelo aperfeiçoamento de nossas mentes, de nossos sentimentos, de nossa condição como ser humano deve ser constante, e nem sempre essa busca é fácil ou clara para nós.

Temos dúvidas, incertezas, medos, as vezes revoltas, ou muita insegurança, criamos fantasmas que nos desequilibram e tudo isso nos leva a não perceber nossa potência em procurar em nós mesmos os caminhos para a volta ao equilíbrio, a saúde, a plenitude. Principalmente nessa Pandemia, onde todos esses sentimentos negativos se intensificaram.

Portanto, em nossos atendimentos, nas Giras, ou nas atividades espirituais devemos ter a postura de acolhimento e compreensão para com a dor de nossos irmãos que apresentem esses sintomas e sempre ter em mente que não somos profissionais para tratá-los ou curá-los. Podemos indicar locais onde haja o atendimento adequado, como terapias e tratamentos diversos em Postos do SUS, Ongs, Clínicas dentro de Universidades etc.

Através de nossas possibilidades como servidores da espiritualidade vale uma palavra de atenção, de amor e incentivo pela busca de caminhos onde essa pessoa alivie seus sofrimentos.

A religião é um balsamo onde o ser humano busca sua religação com o divino, busca seu sentido da vida, busca seu autoconhecimento.

Não podemos ser omissos perante o sofrimento do irmão!

Não tenha medo ou vergonha de sua condição de sofrimento. Fale sobre suas dores, procure um amigo, um familiar e abra-se. A depressão é uma doença e deve ser entendida e tratada.

A Umbanda está de braços abertos para ouvi-lo!

Axé irmãos!

 

Texto escrito por Rossana Di Natale, Filha de Santo do T.E.U.C. Pena Verde – 05-11-2020.

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