Definição
Omulu e Obaluaê são forças divinas que se confundem, pois apresentam as mesmas características. Diz-se que a forma jovem é Obaluaê, que quer dizer “rei, senhor da terra”. Omulu que significa ”filho e senhor” é a forma mais velha, o feiticeiro, o sábio. Ambos têm a mesma regência e influência, têm a mesma ligação e são considerados a mesma força da natureza. Também conhecido por Xapanã.
Obaluaê atua na evolução, cuida das passagens dos estágios evolutivos. Ele estabelece o cordão energético que une o espírito ao corpo. É o Orixá responsável em reduzir o corpo plasmático do espírito que vai encarnar para ser alojado no ventre materno. Ele é o senhor das passagens, de um plano para outro, de uma dimensão para outra, da carne para o espírito e vice-versa.
Obaluaê comanda as doenças e consequentemente a saúde. Ele é o curador divino e tanto cura alma ferida quanto nosso corpo doente. Ele atua em nosso corpo energético, no nosso magnetismo, no campo vibratório e sobre nosso corpo carnal, e tanto poderá curar-nos quanto nos intuir a procurar um médico material que cuidará de nosso problema.
Obaluaê está presente no nosso dia-a-dia quando sentimos dores, agonia, aflição, ansiedade. Rege aqueles que tem problemas mentais, perturbações nervosas e todos os doentes.
Está presente nos hospitais, casas de saúde, ambulatórios, clínicas, sempre próximo aos leitos. Rege os mutilados e enfermos. Ele proporciona a doença, mas traz a cura e a saúde. É o Orixá da misericórdia.
Omulu é o Orixá que rege a morte, é o senhor dos mortos e o regente dos cemitérios considerado o campo santo entre o mundo terrestre material e o mundo astral espiritual. Trabalha com muito amor na condução dos espíritos para o ingresso na vida depois do desencarne. Ele aponta o caminho que o espírito irá trilhar de acordo com seus merecimentos. Também dá amparo aos espíritos caídos. Ele é da linha da Geração e atua em nossas vidas: se gerarmos dor, sofrimento ou qualquer negatividade em nossas vidas ou na de nossos irmãos, Ele nos paralisa e conduz ao retorno do equilíbrio.
Ele é o senhor da terra, é o curador divino de nossa alma e corpo. Omulu se refere a forma mais velha, o feiticeiro, enquanto Obaluaê é a forma mais nova.
Usa o Xaxará, instrumento com feixe de piaçavas ou maço de palhas da costa, enfeitado com búzios e miçangas, para afastar o mal, as doenças. Atua em hospitais, necrotérios, onde haja manifestações de pré e pós morte e não permite que espíritos vampirizadores se alimentem de duplo etérico dos desencarnados ou dos que estão próximos do desencarne. Auxiliam os profissionais da área da saúde em suas terapias e cuidados àqueles que sofrem.
Arquétipo – Característica dos filhos de Omulu/Obaluaê
O arquétipo dele é o das pessoas capazes de se consagrar ao bem estar dos outros, fazendo completa abstração de seus próprios interesses e necessidades vitais.
Possuem tendência a exibir seus sofrimentos e as tristezas das quais tiram satisfação íntima (consciente ou inconscientemente). Pessoas que possuem dificuldade em se sentirem satisfeitas quando a vida lhes corre tranquila. Podem atingir situações materiais invejáveis e rejeitar por causa de escrúpulos imaginários.
Chacras
Atua no chacra básico, pois é ligado à terra. Também aos chacras dos pés, por estar ligado aos estados básicos da criação, a energia da terra. As energias telúricas mais profundas são absorvidas pelos pés que recebem a energia da terra de que o corpo necessita. Por isso são os chacras dos pés que nos relacionam com Xapanã. Os pés são representantes de seu elemento, a terra.
Características
Elementos que compõem a oferenda
Fitas preta-branca-vermelha, 07 velas brancas, 07 velas pretas e 07 velas vermelhas, pemba branca, alguidá com pipoca, pinga, água mineral, sal grosso, flores brancas.
Lendas
1) Chegando de viagem à aldeia onde nascera Obaluaê viu que estava acontecendo uma festa com a presença de todos os orixás. Obaluaê não podia entrar na festa, devido à sua medonha aparência. Então ficou espreitando pelas frestas do terreiro.
Ogum, ao perceber a angústia do Orixá, cobriu-o com uma roupa de palha, com um capuz que ocultava seu rosto doente, e convidou-o a entrar e aproveitar a alegria dos festejos. Apesar de envergonhado, Obaluaê entrou, mas ninguém se aproximava dele.
Iansã tudo acompanhava com o rabo do olho. Ela compreendia a triste situação de Obaluaê e dele se compadecia. Iansã esperou que ele estivesse bem no centro do barracão. A festa estava animada. Os orixás dançavam alegremente.
Iansã chegou então bem perto dele e soprou suas roupas de palha com seu vento. Nesse momento de encanto e ventania, as feridas de Obaluaê pularam para o alto, transformadas numa chuva de pipocas, que se espalharam brancas pelo barracão. Obaluaê, o Orixá das doenças, transformara-se num jovem belo e encantador.
Obaluaê e Iansã tornaram-se grandes amigos e reinaram juntos sobre o mundo dos espíritos dos mortos, partilhando o poder único de abrir e interromper as demandas dos mortos sobre os homens.
2) Obaluaê, Omulu ou Xapanã, o rei da terra, é filho de Nanã e Oxalá. A mãe o rejeitou porque além de possuir um defeito congênito na perna que o tornou manco, era feio e coberto de feridas. Abandonado numa gruta perto da praia foi encontrado por Iemanjá, que o acolheu e o lavou com águas do mar e cuidou dele com folhas de bananeira, que secaram suas feridas. Omulu tornou-se um guerreiro e hábil caçador, homem viril e vigoroso, mas carregava as cicatrizes de sua doença infantil. Iemanjá então confeccionou para ele uma roupa de palha que escondia as marcas de suas doenças. Também lhe deu o poder das pérolas do mar.