Ogum

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Definição       
Ogum é o Orixá da Lei e Ordem. Seu campo de atuação engloba os procedimentos dos seres em todos os sentidos. Ele atua entre a razão e a emoção. Ele rege a linha eólica, onde atuam Elementais do ar (os silfos). É aplicador da Lei, agindo com firmeza, rigidez e ordenação. Também ordena a evolução dos seres, dando a direção correta que eles devem tomar. Isso o torna o Senhor dos caminhos, aquele que abre, que desbloqueia nossa direção. É quem guarda as trunqueiras, a Encruzilhada, protege as portas de entrada das casas e templos.

Ele não julga ninguém (essa é uma atribuição de Xangô), ele apenas aplica a Lei e direciona nossos caminhos. Quebra as demandas que possam ser enviadas contra pessoas ou lugares. Combate os obstáculos externos, mas também os internos como nossos desequilíbrios, vícios e apegos.
O nome Ogum é sinônimo de luta, briga ou batalha. É o senhor das armas e ferramentas, sendo a divindade do metal, patriarca dos exércitos, força da Natureza que se faz presente nos momentos de confronto, de choque, de explosão. É o poder do sangue que corre em nossas veias, tradução da manutenção de nossas vidas, é aquele que rege nossa vida, nos trazendo ânimo, motivação, confiança e potência.

Tem como símbolos as espadas, flechas e lanças que simbolizam as armas que cortam e combatem todo o mal e qualquer obstáculo que possa interferir em nossa evolução espiritual. Ogum traz a persistência para seguirmos em frente e lutarmos para alcançar nossos objetivos, ultrapassando as barreiras e vencendo os medos e as incertezas, fazendo com que consigamos superar todas as nossas fraquezas internas e desafios externos.

 

Arquétipo – Características dos filhos de Ogum

O arquétipo de Ogum é o das pessoas corajosas, sinceras e francas, confiantes que perseguem energicamente seus objetivos. Gostam da disciplina, praticidade e ordenação, custam a perdoar as ofensas dos outros. São pessoas briguentas e impulsivas, de gênio forte, possuem humor mutável, podendo sentir raiva em um momento e logo depois tranquilidade. Conseguem triunfar em momentos difíceis, não se desencorajam facilmente. Podem ser impetuosas e arrogantes devido à inflexibilidade e rigidez em sua personalidade. São firmes e decididas, pessoas que estão sempre prontas para agir onde lhe for ordenado, porém não gostam de esperar, são impacientes e amam o desafio, quanto maior o obstáculo mais desperta a garra para ultrapassá-lo. Como os soldados que conquistavam cidades e depois a largavam para seguir em novas conquistas, os filhos de Ogum perseguem tenazmente um objetivo: quando o atinge, imediatamente o larga e parte em procura de outro. É insaciável em suas próprias conquistas. Não admite a injustiça e costuma proteger os mais fracos, assumindo integralmente a situação daquele que quer proteger. Leal e correto; é um líder. Sabe mandar sem nenhum constrangimento e ao mesmo tempo sabe ser mandado, desde que não seja desrespeitado. Adapta-se facilmente em qualquer lugar.

Chacras

Ogum relaciona-se com o chacra Laríngeo, onde temos o Sentido da Lei. Está localizado na altura da garganta, na glândula tireoide.

Recebemos por ele estímulos de rigor, tenacidade, retenção de caráter e senso de direção e ordem.

É onde há o poder das palavras e da vontade divina. A voz dá o comando, portanto intimamente ligado ao ponto de vista ordenador de Ogum. Este chacra está ligado à inspiração, à comunicação e a expressão com o mundo.

O elemento associado a ele é o Éter que é por onde se transmite os pontos cantados e os Mantras.

Se ele está desiquilibrado poderemos ter problemas refletidos no físico, como nos ouvidos, nariz, garganta e na respiração.

Sua cor é o azul claro.

É através desse chacra que temos a Psicofonia, que é a mediunidade por onde os médiuns se comunicam quando incorporados.

Também está associado a Clariaudiência.

    Características

  • Comemoração: 23 de abril.
  • Dia: terça feira.
  • Elemento: Fogo.
  • Chacra: Umbilical.
  • Cor: Vermelha (azul rei, verde).
  • Oferendas (Comida): cará, feijão mulatinho com camarão e dendê, manga espada, Feijoada, vatapá, inhame com feijão preto, assados no azeite de dendê, farofa de carne de frango desfiada, peixe assado.
  • Oferendas (Bebidas): cerveja branca.
  • Corpo humano: sistema nervoso, mãos, pulso, sangue.
  • Ervas: Aroeira, Espada de São Jorge, Eucalipto, Guiné, Pinhão roxo, Quebra demanda, Abre caminho, Alecrim, Manjericão, Capim cidreira, Cipó prata, Gengibre, Hibisco, Levante, Mangueira, Mirra, Dracena, Pitangueira, Romanzeiro, Samambaias.
  • Flores: Cravo, crista-de-galo, palmas vermelhas.
  • Pedras: granada, rubi, sardio, lápis-lazúli, topázio azul.
  • Planeta: Marte.
  • Pontos da natureza: estradas, caminhos, estrada de ferro, meio da encruzilhada.
  • Saudação: Ogum iê! ; Patacori! Que significa Cabeça Coroada, ou aquele que corta cabeças, que seria Ogum corta o Ori dos pensamentos velhos para que o Ori renovado cresça, se desenvolva.
  • Símbolos: espada de ferro (idà), ferramentas, ferradura, escudo, lança.
  • Sincretismo: São Jorge, Santo Antônio.

 

Elementos que compõem a oferenda

Fita vermelha, 07 velas vermelhas, cerveja branca, pemba vermelha, copo de vidro, alguidá para comida, peixe assado ou cozido, pirão, raízes tais como cará, inhame, batata doce, mandioca, etc., flores vermelhas e frutas

 

Lendas

  • Ogum lutava sem cessar contra os reinos vizinhos. Ele trazia sempre um rico espólio em suas expedições, além de numerosos escravos. Todos estes bens conquistados, ele entregava a Odúduá, seu pai, rei de Ifé. Ogum continuou suas guerras. Durante uma delas, ele tomou Irê. Antigamente, esta cidade era formada por sete aldeias. Por isto chamam-no, ainda hoje, Ogum mejejê lodê Irê – “Ogum das sete partes de Irê”.
  • Ogum matou o rei, Onirê e o substituiu pelo próprio filho, conservando para si o título de Rei. Ele é saudado como Ogum Onirê! – “Ogum Rei de Irê!”. Entretanto, ele foi autorizado a usar apenas uma pequena coroa, “akorô”. Daí ser chamado, também, de Ogum Alakorô – “Ogum dono da pequena coroa”. Após instalar seu filho no trono de Irê, Ogum voltou a guerrear por muitos anos.
  • Quando voltou a Irê, após longa ausência, ele não reconheceu o lugar. Por infelicidade, no dia de sua chegada, celebrava-se uma cerimônia, na qual todo mundo devia guardar silêncio completo. Ogum tinha fome e sede. Ele viu as jarras de vinho de palma, mas não sabia que elas estavam vazias. O silêncio geral pareceu-lhe sinal de desprezo. Ogum, cuja paciência é curta, encolerizou-se. Quebrou as jarras com golpes de espada e cortou a cabeça das pessoas. A cerimônia tendo acabado, apareceu, finalmente, o filho de Ogum e ofereceu-lhe seus pratos prediletos: caracóis e feijão, regados com dendê, tudo acompanhado de muito vinho de palma. Ogum, arrependido e calmo, lamentou seus atos de violência, e disse que já vivera bastante, que viera agora o tempo de repousar. Ele baixou, então, sua espada e desapareceu sob a terra. Ogum tornara-se um Orixá.
  • Oyá vivia com Ogum antes de ser mulher de Xangô. Ela ajudava Ogum no seu trabalho, carregava seus instrumentos, manejava o fole para ativar o fogo da forja. Um dia Ogum deu a Oyá uma vara de ferro igual a que lhe pertencia que tinha o poder de dividir os homens em sete partes e as mulheres em nove partes, caso estas as tocassem em uma briga. Xangô gostava de sentar-se perto da forja para apreciar Ogum bater o ferro, e sempre lançava olhares a Oyá; ela por sua vez, também lançava olhares a Xangô. Xangô era muito elegante, seus cabelos eram trançados, usava brincos, colares e pulseira. Sua imponência e seu poder impressionaram Oyá. Um dia Oyá e Xangô fugiram e Ogum lançou-se em perseguição deles. Encontrando os fugitivos, brandiu sua vara mágica, Oyá fez o mesmo e eles se tocaram ao mesmo tempo. E assim que Ogum foi dividido em sete partes e Oyá em nove partes, recebeu ele o nome de Ogum Mejé e ela o de Iansã, cuja origem vem de Iyámésàn a mãe transformada em nove.
  • O povo iorubá veio do Egito. Para chegar a ILE IFE, eles se reuniram e foram andando pelo mato. Em ILE IFE é que pela primeira vez se reuniram os iorubás como povo, e dali surgiram as forças dos ORISA e a cultura iorubá propriamente dita.Na ida do Egito para ILEIFE, OSALA e outros ORISA que foram com ele tiveram que abrir caminho em meio à mata. OSALA tentou abrir caminho cortando o mato com seu FADAKA ou AGADA, que é uma ferramenta de muito brilho feita de aço ou de prata, mas que não corta muito, porém não conseguiu.Diante dessa situação, determinou-se que OGUN iria à frente dos ORISA, para abrir caminhos na mata com sua espada de ferro: OGUM BRAGADA É OGUM BRAGADA.Essa é uma das razões por que OGUN abre os caminhos. No seu ORIKI é dito: OGUN AGADA MEJI, OGUN das duas espadas, O FI OKAN SANKO que usa uma foice, O FI OKAN YENA, e que usa um ancinho para abrir os caminhos, tratar a terra, cavar e limpar o chão. Quando os ORISA chegaram a ILE IFE, graças ao facão de ferro de OGUN, que possibilitou o corte do matagal, deram-lhe o título de LAKAIE OSIN IMOLE que consta de seu ORIKÍ, significando que OGUN é um ORISA cultuado no mundo inteiro com todo o respeito e devoção, ou OLULANA, aquele que está na vanguarda e desbrava os caminhos, ou o senhor dos caminhos.

       Transcrição do livro “A tradição Nagô”, de Ornato José da Silva (1985).