CARTA À NANÃ

CARTA À NANÃ

E o mês de Nanã está quase no fim…

O que aprendi esse mês?

Mãe Nanã, minha Grande Avó, obrigada por me cobrir com o seu manto de amor e de ternura.

Obrigada por me acompanhar nesse encontro comigo mesma.

Obrigada por me ajudar a mergulhar no meu mais profundo EU.

Obrigada por estar ao meu lado quando estremeci.

Obrigada por me fazer olhar feridas abertas, mas que ainda estavam submersas no meu lodo interno, mascaradas.

Obrigada por me ajudar a sentir minha vulnerabilidade e conseguir sustentá-la.

Obrigada por me ensinar que a escuridão também comporta luz, sua Lua aponta também o caminho.

Obrigada por me fazer atravessar a minha própria escuridão, a integrar luz e sombra.

Obrigada, minha Mãe, Senhora da Morte, por fazer morrer em mim aquilo que não precisava mais carregar… Obrigada por renovar minha alma.

Obrigada por me permitir sentir a sua profundidade, tirando pela raiz dores antigas e também atuais.

Obrigada por me acompanhar nos momentos mais instáveis, trazendo a sua sabedoria de que tudo passa…de que a vida é transformação e que para transmutarmos precisamos olhar para dentro.

Obrigada minha Mãe, por me fazer sentir hoje uma paz de espírito que nunca senti. Talvez pelo simples fato de ter compreendido e sentido o que é o tormento.

Obrigada minha Mãe, por me mostrar que o AMOR é o principal remédio para os nossos males. É pela via do AMOR que o renascimento acontece.

É preciso coragem para enfrentar os nossos medos e feridas, olhá-los de frente e ao invés de destruí-los – como muitas vezes queremos –, cuidá-los. Sim, cuidar de nossas feridas também é cuidar de nós mesmos… isso aprendi com Nanã.

Aprendi que não importa o sofrimento que passamos, Ela sempre estará ao nosso lado, em especial nos momentos mais turbulentos, decantando as nossas negatividades, aquietando o nosso coração. É assim que Ela trabalha.

Dra. Catarina, Entidade da Linha Médica que trabalha na vibração de Nanã sempre diz: “só podemos limpar o sofrimento que vocês carregam pela via do SENTIR”. As Entidades e Orixás não podem fazer desaparecer os nossos males, temos que senti-los, expressar o que temos em nosso íntimo e esse é o processo de limpeza, de cicatrização, de regeneração emocional.

Qual o sentido de nossas dores se não para aprendermos sobre nós e para evoluirmos?

Nanã me ensinou a respeitar minha história – seja dessa vida ou de outras. Não importa de onde vem nossas dores, o que mais importa é descobrirmos nossos pontos de vulnerabilidade e cuidar deles, aprender com eles. Nanã me ensinou o poder da aceitação e do perdão, principalmente autoaceitação e auto perdão. O trabalho é de nós com nós mesmos.

Só assim conseguiremos desenvolver a compaixão, a compreensão de que cada um é um mundo e que cada um atua a partir de suas próprias referências, momentos de vida, contextos, recursos e suas próprias vulnerabilidades. Por que nos deixamos magoar? Por que carregamos ressentimentos? As expectativas são nossas, os julgamentos são nossos e a possibilidade de nos curar e aliviar esse peso também é nossa.

O autoconhecimento é o que nos torna capazes de nos curar… Sim! O poder curador não está somente nos Orixás e Entidades que nos acompanham, Eles nos ensinam constantemente isso: o poder está em nós.

Aprendi esse mês a SER mais Nanã… a enxergar o sagrado em mim, a ativar dentro de mim a Grande Avó, aprendi a me cuidar, a me respeitar, a me acalentar, a me amar, a me mimar.

Aprendi com Nanã a ter mais fé e a confiar.

Respeitar a minha ancestralidade, o que veio antes de mim, raízes que trazem segurança e sentimento de pertencimento. Também aprendi a honrar tudo que está a minha volta, entendendo que tudo faz parte de mim, de que carregamos no peito a força do mundo, o axé da natureza, dos animais, da terra, da água, da lua, do sol…

E para esse mergulho interno, mesmo que solitário, sempre estive acompanhada. Nanã também me mostrou quantas pessoas estão ao meu redor, oferecendo colo. Deixar-se cuidar, isso também é importante.

Ninguém está sozinho no mundo, olhe ao seu redor, veja as pessoas que estão segurando a sua mão. Quando sentir as dores pesarem muito, perceba que você pode e deve contar com aqueles que estão com você nessa vida (e em outras!). Peça ajuda.

Cuidar e ser cuidado. Amar e ser amado. Não é esse o equilíbrio da vida?

Nanã me ensinou a intensidade dessa palavra: equilíbrio. Saber andar pela terra firme é fácil, caminhar pela lama, sentindo sua instabilidade, não tanto… suportar a instabilidade, não temer afundar um pouco, sujar os pés no lodo, permitir-se sentir… chorar, limpar, transmutar.

Nanã me ensinou a meditar sobre a minha vida, meus comportamentos, meus pensamentos. A olhar e perceber meus sentimentos mais elevados e minhas emoções mais instintivas. A reconhecer o que não me faz bem e poder ESCOLHER o que me faz. Sim, quando nos permitimos entrar em contato com o nosso lodo também nos libertamos, podemos fazer escolhas mais conscientes, sair um pouco do piloto automático e percebermos nossas reações frente às situações vivenciadas e é aí que a transformação acontece.

E tudo isso com qual objetivo?

Sentir mais a VIDA. Viver de forma mais plena, mais integrada, mais consciente, mais harmoniosa, principalmente consigo mesmo e consequentemente com os outros.

Temos sim muitas dores, sombras, mas jamais podemos esquecer nossas forças, nossas lutas. Nossos queridos e amados Pretos Velhos que também vibram na energia de Nanã nos ensinam com amor e fé, humildade e força, o poder do perdão e da resignação, transformando nossas dores em crescimento e maturidade espiritual.

Saravá a corrente dos Pretos Velhos! Saravá a linha médica!

Saravá Mãe Nanã Buruquê! Eu te reverencio e te saúdo, com o meu mais profundo AMOR e GRATIDÃO. E sei que eu “ganhei, pois eu trazia Nanã ê no coração…”

E para você, como foi esse mês? O que Nanã te ensinou, o que Ela te revelou, o que em você Ela transmutou?

 

Texto enviado por Isadora Di Natale Nobre, Filha de Santo do T.E.U.C.Pena Verde – 29/07/2020

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