A DANÇA DO TEMPO

A DANÇA DO TEMPO

E se ao invés de lutarmos contra o tempo, aceitarmos o seu convite para a dança?

O tempo é aliado ou inimigo?

Tempos difíceis, tortuosos, turbulentos…

Tempo de chorar, de perder e por que não de amar?

Tem o tempo de falar, de ouvir, de cair, de levantar, de fazer e de esperar. Ah, o tempo da espera!

E enquanto esperamos, qual tempo vivemos?

O tempo que voa! O tempo que urge! O tempo que cura! Afinal, o que é o tempo?

Quais tempos vivemos? Quantos tempos nos falam?

O tempo cuida, o tempo fere, o tempo liberta, o tempo aprisiona, o tempo é o tempo!

Habitamos o tempo ou é ele quem nos habita?

Ah, o tempo!

Que força ele tem! Podemos viver uma eternidade em segundos ou mesmo segundos em eternidade. Será que é o tempo do relógio? É ele também!

Mas quanto tempo tem um minuto? Quanto tempo dura uma vida?

Ah, o tempo!

Ele vai e vem, leva e traz, limpa e pesa…

Afinal, de que é feito o tempo?

Tempo que é tudo e ao mesmo tempo nada. Contém o todo e o vazio.

Quando tentamos alcançá-lo, ele nos escapa pelos dedos.

Não podemos controlá-lo ou muito menos perdê-lo…

Não conseguimos vê-lo, é presença com ausência.

Senti-lo podemos, ouvi-lo devemos.

Ah, o tempo!

Quantos mistérios… quantas saberes…

Quando acertamos as respostas, ele muda as perguntas!

Ah, que dança mais intrigante, mas enfim, não é ela a própria vida?

Afinal, de que tempo falamos? Qual tempo almejamos?

“Em meu tempo…”, qual seria esse tempo? É passado, presente, futuro?

Tempo que passou… tempo que virá…

Ele deixa saudades, às vezes não deixa esquecer… por vezes não deixa lembrar.

Enfraquece a dor, revive o amor… olha para atrás, para frente, por todos os lados, por dentro e por fora, são múltiplos seus ângulos, os que já existem e os que ainda existirão… um tempo por vir.

Devir.

Qual tempo desejamos? Que tempo esperamos?

O que vem, o que vai, é decisão? Quem tem esse poder?

Tempo que é. Instante do viver.

Ah, o tempo!

Ele é de cada um? Ou será que é nosso?

Penso que ele dá o tom da vida.

Por vezes lento, por vezes mais rápido, às vezes tímido, às vezes avassalador.

Para cada ritmo, uma nova forma de movimento. São múltiplos e diversos os seus arranjos e complementos.

A dança se faz, queira ou não queira, por vezes tentamos conduzir, por vezes somos conduzidos, mas uma coisa é certa: parar é impossível, transformação não é escolha.

Há sempre novos passos, novas sintonias.

O tempo não fecha, só abre… nos leva, nos mostra, revela!

Ele nos molda, mas será que também não o moldamos?

Falamos em recomeços! Mas quando será que termina ou que inicia?

Será que o tempo para? Ou, como um rio, segue fluxo contínuo de vida?

Dançamos com o corpo e para cada dança um jogo diferente de forças e intensidades, quereres e não quereres…

Ele dá e ele tira, afinal, não é esse o equilíbrio da vida?

Ah, o tempo!

Amanhecer, anoitecer… outono, inverno, primavera, verão…floresce, morre, renasce.

Será que a natureza cria o tempo ou é o tempo que lhe confere sentidos, cores, sabores?

Será que o tempo está em nós ou é além de nós?

De uma forma ou de outra, ele nos brinda com sua presença-ausência.

Podemos contemplar o tempo, mas ele também nos contempla.

Afinal, sem ele, será que somos? Só ele é quem dirá…

 

Texto de Isadora Di Natale Nobre Filha de Santo do T.E.U.C. Pena Verde – 23-09-2020

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