Oxalá

Definição

Seu nome quer dizer, em Nagô Iorubá “o Orixá que veste o branco”. Ele é o mais importante e significativo Orixá dos Iorubás. Recebe também o nome de Obatalá e Orixalá. Ele foi o primeiro Orixá criado por Olurum (Deus).

Nos cultos de nação Oxalá é representado de duas formas, a de Oxalá novo, jovem, chamado de Oxaguian e de Oxalufan que é o Oxalá velho, curvado, idoso.

Ele é considerado o maior dos Orixás, aquele que detém a força e luz mais puras que vem da essência de Deus. Ele é aquele que modela, que cria os seres, os mundos, as realidades, as dimensões.

Ele é o Orixá do sentido da fé. É sincretizado com Jesus Cristo; muitos Templos de Umbanda usam a imagem do Cristo para representá-lo.

A força de Oxalá é pura, cristalina. O seu campo de atuação é o mundo. Ele está associado à paz, a serenidade, a harmonia, a tranquilidade e ao perdão. Suas vibrações e irradiações são a nós destinadas e nos estimulam a desenvolver a religiosidade, potencializando grande energia espiritual.

Ele proporciona a paz entre os homens, traz o entendimento, a compreensão, a fraternidade entre os homens e suas relações com a Natureza. Ele é o mediador entre situações de conflito. Rege o silêncio, a paz do ambiente. Ele é o equilíbrio das coisas, a organização final (morte), da maneira mais pacífica possível.

 

Arquétipo – Características dos filhos de Oxalá

Os filhos de Oxalá são de personalidade calma, digna de confiança, respeitável e reservada. Extremamente racionais, traçam seu caminho de acordo com sua filosofia de vida, deixando de lado qualquer ideia que não se afine com seu modo de ser. Regidos por um Orixá de magnitude superior encontram, de certo modo, dificuldades para conviver com os filhos de terra; entretanto, não se preocupam em julgá-los nem copia-los. Eles vivem a seu modo e, por serem superiores, só poderão ser entendidos por eles mesmos. Entretanto se não souberem conviver com as qualidades de seu Orixá, poderão vir a ter mania de superioridade, mania de limpeza e excesso de franqueza, tornando-se o que comumente é chamado de “dono da verdade e do mundo”.

Chacras

Oxalá está relacionado com o Chacra Coronário que se situa no topo da cabeça e que é a síntese de todos os chacras do corpo e onde se ligam diretamente aos campos criativos superiores da consciência. Tem como função trazer as energias superiores para o corpo, tanto como energia quanto como informação. Trabalha com as funções superiores do cérebro. É o chacra da fé, da entrega e do trabalho. Através dele acessamos os mundos superiores. Ele representa um estado de consciência no qual não existem divisões nem limitações, pois é ligado ao Universo. É o centro da consciência cósmica.  Ligado à glândula pineal.

Características

  • Bebidas para oferenda: água mineral.
  • Comidas para oferenda: canjica.
  • Cor: Branco.
  • Comemoração: 25 de dezembro.
  • Dia da semana: sexta-feira.
  • Sincretismo: Jesus Cristo/ Nosso Senhor do Bonfim (Bahia).
  • Elemento: Cristal/Ar.
  • Metais: ouro, prata.
  • Pedras: brilhante, cristal de rocha, quartzo leitoso.
  • Planeta: Sol.
  • Sentido Divino: Fé.
  • Fatores principais: Congregador.
  • Atribuição: Irradiar a Fé viva a todos os seres.
  • Ervas: Açoita cavalo, erva de bicho, mamona, orégano, alho, fumo (tabaco), comigo ninguém pode, alcachofra, alcaçuz, alecrim, alfazema, aquiléia (mil folhas), bardana, boldos (todos)- tapete de Oxalá, girassol, hortelã, incenso, levante, manjericão, manjerona, rosa branca, sálvia, tomilho, folha da costa (saião), algodoeiro, angélica, anis estrelado, artemísia, cravo da índia, ipê roxo, jasmim, laranjeira, louro, noz de cola: Epa Babá! (Salve o Pai). (obi), pichuri, saco-saco, sândalo e verbena.
  • Flores: cravos brancos e flores brancas.
  • Campo de atuação: Mundo.
  • Saudação Epa Babá! (Salve o Pai).

    Elementos que compõem a oferenda

Fita branca, canjica, leite, tigela branca, mel, algodão com caroço (cru) ou algodão comum, uvas brancas, 07 velas brancas, flores brancas, água mineral ou de cachoeira, quartinha ou copo branco.

 

Preparação

  • Cozinhar a canjica na água, escorrer bem e reservar o milho para a entrega.
  • Fazer um banho no mesmo dia da entrega, com o líquido que sobrou do cozimento, acrescentando um copo de leite. Se precisar, coloque mais água o suficiente para o banho (do pescoço para baixo).

Entrega

  • Na tigela coloque no fundo seu pedido (papel branco), depois, nesta sequência, coloque a canjica,  mel, o algodão e por último as uvas.
  • Vela branca
  • Flores brancas
  • Água mineral ou de cachoeira dentro do quartinho ou copo branco

Símbolos 

Os símbolos de Oxalá são o cajado (que é um símbolo do poder) com um pássaro pousado na ponta e dele fazem parte três pratos. O pássaro é a visão geral do mundo que tudo informa, tem uma visão acurada e enxerga do alto ou de cima, tudo o que acontece embaixo, na Terra. Os pratos são usados por Oxalá para distribuir o alimento sagrado para todos os seres, humanos ou não. Cada prato representa o mundo: o mundo da emanação (superior), o mundo da criação (médio) e o mundo da formação (inferior).

Suas vestes brancas mostram que o superior é o mais puro e divino. Outro símbolo característico de Oxalá é o ala, que é um pano branco usado para cobrir sua cabeça e, assim, protegê-lo dos mundos inferiores e também para abrigar, sob a sua proteção, todos os seres criados.

 

Lendas 

1) Oxalá foi encarregado por Olodumaré a criar o mundo. Recebeu o saco da criação e colocou-se a caminho. Só que ele não quis oferendar Exu antes de iniciar essa tarefa. Exu, então fez com que ele sentisse uma grande sede e ele, para saciar sua sede furou com seu cajado a casca do tronco de um dendezeiro. O vinho de palma escorreu desse tronco e ele bebeu uma grande quantidade, ficando bêbado e adormecendo logo a seguir. Exu, então entregou o saco da criação a Oduduá que foi ter com Olodumaré e contou o acontecido. O senhor Deus então lhe passou essa incumbência. Oduduá saiu assim do Além e encontrou-se diante uma extensão ilimitada de água. Deixou cair a substância marrom contida no saco da criação. Era terra. Formou-se um montículo que ultrapassou a superfície das águas. Aí ele colocou uma galinha cujos pés tinham cinco garras. Esta começou a arranhar e a espalhar a terra sobre a superfície das águas. Onde ciscava, cobria as águas e a terra ia se alargando cada vez mais, o que em Iorubá se diz ilê nfe, expressão que deu origem ao nome da cidade de Ilê Ifê.

Quando Oxalá acordou e viu o que tinha ocorrido foi na presença de Olodumaré que devido a esta atitude, como castigo pela sua embriaguez, proibiu ao Grande Orixá, assim como a todos os outros de sua família, os Orixás funfun, ou Orixás brancos, beber vinho de palma e usar azeite de dendê. Mas confiou-lhe como consolo a incumbência de criar os seres humanos através da modelagem do barro.

 

2) Oxalá era marido de Nanã, senhora do Portal da Vida e da Morte. Senhora da fronteira de uma dimensão (a nossa) para outras.

Por determinação da própria Nanã somente os seres femininos tinham acesso ao Portal, não permitindo a aproximação dela por seres do sexo masculino, sob hipótese alguma. Esta determinação servia para todos, inclusive para o próprio Oxalá.

E assim foi, durante muito tempo. Porém, Oxalá não se conformava em não poder conhecer o Portal, não só por ser o marido de Nanã, como por sua própria importância no panteão dos Orixás.

Assim pensou até que encontrou a melhor forma de burlar as determinações de sua esposa. Não fugindo de sua cor branca, vestiu-se de mulher, colocou o adê (coroa) com os “chorões” no rosto, próprio das iabas (mulheres) e aproximou-se do Portal, satisfazendo, enfim, sua curiosidade.

Foi pego, porém, por Nanã, exatamente no momento em que via o outro lado da dimensão. Nanã aproximou-se e determinou:

– “Já que você, meu marido, se vestiu de mulher para desvendar um segredo tão importante, vou compartilha-lo com você. Terá a incumbência de ser o principio do fim, aquele que tocará o cajado três vezes ao solo para determinar o fim de um ser. Porém, você jamais conseguirá se desfazer das vestes femininas e daqui para frente terá todas as oferendas fêmeas!”

E Oxalá, conhecido por Olufan, passou a comer não mais como os demais santos aborós (homens), mas sim cabras e galinhas como as iabás. E jamais se desfez das vestes de mulher. Em compensação Transformou-se no Senhor do Principio da Morte e conheceu todos os seus segredos.